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Meu propósito para com este blog, está em coletar e difundir importantes mensagens voltadas para o autoconhecimento, percepções metafísicas, espirituais e poéticas, respeitando e identificando sempre os autores e fontes das mesmas.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Acerca do julgamento e o dia do juízo


MIRDAD: Não há na minha boca julgamento, e sim a Sagrada Compreensão. Não vim para julgar o mundo, antes foi para desjulgá-lo, pois só a Ignorância gosta de vestir a beca e o capelo, expor a lei e aplicar as penas. O mais impiedoso juiz da Ignorância é a própria Ignorância. Consideremos o Homem. Não tem ele, na ignorância, se dividido em dois, atraindo assim a morte para si, bem como para todas as coisas deste seu mundo dividido?
Em verdade vos digo, não há Deus e Homem, mas sim Deus-Homem ou Homem-Deus. Só há o UM. Não obstante multiplicado, não obstante dividido, é para sempre UM. A unicidade de Deus é a eterna lei de Deus. É uma lei que por si se cumpre. Não há necessidade de cortes de justiça nem de juízes que o proclamem e sustentem a sua dignidade e a sua força. O Universo - o visível e o invisível - é uma só boca a proclamá-lo para aqueles que tem ouvido para ouvir. Não é o Mar - conquanto vasto e profundo - uma só gota? Não é a Terra - conquanto lançada tão longe - uma só esfera? Não são as esferas - conquanto tão numerosas - um só universo? Também a humanidade é um só Homem. Semelhantemente, o homem, com todos os seus mundos, é uma unidade completa.
A unicidade de Deus, meus companheiros, é a única lei do Ser. O Outro nome que se lhe dá é Amor. Sabê-la e nela habitar é habitar na Vida. Mas habitar em qualquer outra lei é habitar no não ser, ou seja, na Morte.
A Vida é colher. A Morte é espalhar. A Vida é ligar. A Morte é desligar. Eis porque o Homem - o dualista - está suspenso entre as duas, pois ele colhe, mas somente espalhando. E ele liga, mas somente desligando. Ao colher e ligar, ele guarda A Lei, e a sua recompensa é a Vida. Ao espalhar e desligar, ele peca contra a Lei, e a sua amarga recompensa é a Morte. No entanto, vós, autocondenados, sentai-vos para julgar os homens que já estão, como vós, autocondenados. Que horríveis juízes e que horrível julgamento! Menos horrível seria dois sentenciados, cada qual condenando o outro às galés. Menos ridículo seria dois bois no jugo, cada qual dizendo ao outro: “eu o poria no jugo”. Menos macabro seria dois cadáveres numa cova trocando entre si condenações à cova. Menos digno de compaixão seria dois cegos a arrancarem mutuamente os olhos.
Evitai sentar-vos na cadeira do julgamento, meus companheiros, pois para pronunciardes um julgamento contra alguém ou alguma coisa, não somente deveis conhecer a Lei e viver de acordo com ela, mas também ouvir o testemunho. E a quem ouvireis como testemunha em qualquer caso que se apresente? Chamaríeis o vento para depor em juízo? Pois o vento auxilia e instiga qualquer ocorrência debaixo do céu. Ou citareis as estrelas? Pois elas estão a par de tudo que sucede no mundo. Ou enviaríeis intimações a todos os mortos desde Adão até hoje? Pois todos os mortos estão vivendo nos vivos.
Para ter um depoimento completo em qualquer caso, o Cosmo, precisa ser a testemunha. Quando puderdes levar o Cosmo à corte, não necessitareis de cortes. Descereis da cadeira de juiz e deixareis que a testemunha seja o juiz. Quando conhecerdes a todos não julgareis ninguém. Quando puderdes recolher nos mundos, não condenareis nem mesmo um daquele que espalham; porque então sabereis que o espalhar condena aquele que vos espalha. E em vez de condenar o autocondenado vos esforçareis para que a condenação lhe seja revelada.

Muito sobrecarregado está o Homem agora com cargas que a si mesmo impôs. Áspera e sinuosa é a sua estrada. Cada julgamento é uma nova carga, tanto para o que julga como para o que é julgado. Se quiserdes ver aliviada a vossa carga, não julgueis homem algum. Se quiserdes que a vossa carga desapareça, mergulhai e perdei-vos inteiramente na Palavra. Que a Compreensão guie vossos passos, se quiserdes que o vosso caminho seja reto e suave. Não é julgamento que vos trago em minhas palavras, mas a Sagrada Compreensão.
Bennoon: E o Dia do Juízo?
MIRDAD: Cada dia, Bennoon, é um Dia de Juízo. A conta corrente de cada criatura entra em balanço a cada abrir e fechar de olhos. Nada fica escondido. Nada deixa de ser pesado. Não há pensamento, ação ou desejo que não seja registrado no pensador, no agente ou no que desejou. Nenhum pensamento, nenhum desejo, nenhuma ação ficam estéreis neste mundo, mas todos se reproduzem de acordo com a sua espécie e a sua natureza. Tudo que está de acordo com a Lei de Deus é colhido para a Vida. Tudo que a ela se opõe é colhido para a Morte.
Os teus dias não são todos iguais, Bennoon. Alguns são serenos; são a colheita das horas bem vividas. Alguns são nublados; são a dádiva das horas meio-adormecidas na Morte e meio-alertas na Vida. E há outros que te fustigam na tormenta, com coriscos nos olhos e trovões nas ventas. Esmagam-te de cima; chicoteiam-te de baixo; atiram-te para a direita e para a esquerda; achatam-te de encontro ao solo e fazem-te comer o pó e desejardes jamais haver nascido. Esses são os frutos das horas gastas em oposição propositada à Lei. Assim é o mundo. As sombras que já ameaçam desde que os céus não são em nada menos sinistras do que aquelas que anunciaram o Dilúvio. Abri vossos olhos e vede.
Quando observais as nuvens caminhando para o norte, sopradas pelo vento do Sul, dizeis que elas trazem a chuva. Porque não sois tão sábios em observar a direção para a qual caminham as nuvens humanas? Não podeis ver até que ponto os homens se enrascaram nas próprias redes? O dia de desenrascar está próximo. E que dia de prova vai ser! As redes dos homens tem sido tecidas com veias do coração e da alma, durante muitos, muitíssimos séculos. Para livrar os homens de suas próprias redes será preciso rasgar-lhes as carnes; o próprio tutano dos seus ossos terá que ser esmagado. E os próprios homens terão de rasgar, eles mesmos, as suas carnes e esmagar, eles mesmos, os seus ossos. Quando as tampas forem levantadas - como certamente serão - e quando as panelas despejarem os seus conteúdos - como certamente o farão - onde esconderão os homens a sua vergonha e para onde fugirão?
Nesse dia os vivos invejarão os mortos e os mortos amaldiçoarão os vivos. As palavras dos homens lhes ficarão presas na garganta e a luz se congelará nas suas pálpebras. De seus corações sairão escorpiões e víboras e eles gritarão, atemorizados: “De onde vêm estas víboras e estes escorpiões?”, esquecidos de que haviam criado e alojado em seus corações. Abri vossos olhos e vede. Mesmo nesta Arca, destinada a ser um farol para um mundo que tropeça, há lama demais para que se possa passa. Se o farol se tornou uma armadilha, quão terrível deve ser o estado dos que estão no mar! Mirdad vos construirá uma nova arca. Exatamente aqui neste Ninho ele a criará e a estabelecerá. Deste Ninho voareis para o mundo; não levando aos homens um ramo de oliveira, mas a Vida inexaurível. Para isso devereis conhecer a Lei e guardá-la.
Em: O livro de Mirdad – Cap. 10.



Fonte: http://nadarealpodeserameacado.blogspot.com.br




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Lisa Teixeira
Março / 2012

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